domingo, 12 de abril de 2015

Breve História da Química

Breve Histórico da Química

Vários filósofos gregos preocuparam-se em explicar a constituição da matéria. A idéia que mais se aproxima dos tempos modernos e, ao mesmo tempo, brilhante, à luz dos conhecimentos atuais, provém da escola filosófica de Demócrito, que afirmou que todos os materiais eram constituídos de partículas extremamente pequenas e indivisíveis chamadas “átomos”. Estas especulações sobre a estrutura da matéria foram levadas a cabo por volta do ano 400 A.C.

A definição de matéria entra aqui como um constituinte dos materiais, deste modo, podemos definir matéria como sendo: “tudo que ocupa lugar no espaço e possui massa”.

As idéias de Demócrito foram combatidas pela escola de Aristóteles (384-322 A.C.), a qual afirmava que todos os materiais eram formados a partir de uma combinação conveniente dos quatro elementos de Empédocles (500 A.C.) e que eram: terra, água, ar e fogo.
Aristóteles, também deixou uma noção bastante concisa acerca da combinação química: “A combinação química é uma união de vários corpos capazes de tal combinação, envolvendo uma transformação das propriedades dos corpos contidos”

Levados pela idéia de que combinações dos quatro elementos poderiam formar qualquer material, os químicos pensaram em produzir, a partir dos materiais existentes, e através de combinações convenientes, o ouro, o que se constituiu na época e por muitos anos na procura da “pedra filosofal”. Esse período caracterizou os químicos como “ Alquimistas” e, dentre outros podemos citar Geber ( Abu Musa Jabir Ibn Hayyan al Sufi), Avicena, Alberto Magno, Roger Bacon e Raymond Lully (considerado o descobridos do método de fabricação do álcool puro). Assim, a pedra filosofal, aspiração dos alquimistas, transmutaria qualquer metal monos nobre (chumbo, ferro, etc.) em ouro e prata.

Por volta de 1525 surgiu uma nova escola de Químicos, chamado “Iatroquímicos”, isto é, químicos médicos os quais tinham por objetivo descobrir o “Elixir da Vida”, que deveria curar todas as enfermidades e dar a juventude eterna. O fundador da Iatroquímica foi Paracelso (Philip Aureolus Theophrastus bombastus von Hohenheim); entre outros  iatroquímicos famosos podemos citar Libavius e Van Helmont (descobridor do gás carbônico).

A ciência consagra a Francis Bacon (1561-1626) o título de “Pai da Ciência Moderna”, por ter publicado em 1620 o livro “Novum Organum Scientarum”, no qual procura definir o verdadeiro método para se obter o conhecimento, enquanto consagra a Robert Boyle (1627-1691) o título de “Pai da Ciência Quíimica”, por ter sido o primeiro a estudá-la sem a intenção de fabricar ouro ou medicamentos; foi quem introduziu na química o método experimental rigoroso, para a comprovação de teorias e verificação da exatidão dos fatos.

Boyle definiu "Elemento" como sendo o limite prático da análise química. Em 1661, após uma série de experimentos com gases, enunciou a lei que leva seu nome (A Lei de Boyle) "o volume de uma massa fixa de gás, mantido à temperatura constante, varia inversamente com a pressão". além de representar impiricamente o resultado de um estudo sistemático (método científico), se constitui na primeira lei relativa aos gases. Em 1675 Boyle caracterizou os ácidos e as bases, através de um conjunto de propriedades.

No período de 1700 a 1770, a teoria predominante era a "Teoria do Flogístico" de Stahl (George Ernest Stahl). Ele baseou-se em trabalhos de Becher e Geber sobre a combustão; Geber afirmava que as substância combustíveis queimam porque contém o "Princípio da Inflamabilidade", identificado com o enxofre, e Becher mostrou que existiam substâncias que inflamavam e não continham enxofre, substituindo o principio acima por outro chamado "Terra Pinguis". Stahl propôs que na queima de uma matéria combustível uma substância seria liberada que chamou de flogístico (do grego "eu inflamo"). Assim, a transformação de um metal em sua cal (denominação antiga de um dióxido metálico) era devida a perda do flogístico.
metal cal  +  flogístico

Esta teoria foi aceita por cerca de 70 anos, durante os quais conseguiu explicar muitos fatos ainda obscuro aos químicos, sendo abraçada pela maioria deles. Como apresentava defeitos, acabou sendo abandonada quando foi ensaiada quantitativamente, principalmente por Lavoisier. A sua aceitação durante tanto tempo somente pode ser compreendida pela falta de utilização, por parte dos químicos, dos métodos de pesagem dos materiais, antes e depois da queima. De certa forma, a teoria do flogístico pode ser apresentada como a primeira teoria "Química" que teve sua ascensão e queda, em função da descoberta de novos fatos incompatíveis com ela.

            Priestley quem descobriu o oxigênio (Scheele já havia descoberto o oxigênio dois anos antes, porém não havia publicado seus resultados), e comunicou sua descoberta a Lavoisier, o qual nas mãos deste tornou-se o instrumento para a queda da Teoria do Flogístico.  

            Antoine L. Lavoisier é considerado o "Pai da Química Moderna" dentre suas inúmeras contribuições, seu trabalho sobre a combustão levou ao abandono da teoria do flogístico. Também desenvolveu me 1787 uma teria sobre ácidos que, embora incorreta, era superior às antigas ideias sobre essas substâncias. Estabeleceu que os ácidos eram compostos binários nos quais o oxigênio (do grego, gerador de ácidos) intervinha como componente principal. É de Lavoisier nosso atual definição de elemento químico.

          "Elemento Químico é toda espécie mais simples e que não pode ser transformada em substância mais simples ainda, por qualquer processo". É interessante observar a semelhança entre essa definição e a de Boyle apresentada anteriormente. Foi Lavoisier que praticamente introduziu o uso dos primeiros instrumentos de pesagem (balanças) nos estudos químicos, culminando com a descoberta de uma Lei fundamental relativa às massas dos materiais, conhecida como Lei de Lavoisier ou Lei da Conservação da Massa. Esta prática se constitui em um dos fatos mais relevantes da química, porque permitiu, a partir de pesagens mais precisas, o desenvolvimento de teorias e leis químicas mais corretas, transformando-a em uma Ciência Exata.


Período de 1760 a 1815

O período compreendido ente 1760 a 1815 é relevante para a Química tendo em vista os conceitos e leis que nele foram estabelecidos.  Citando algumas dessas leis temos, o estabelecimento das leis ponderais, lei de proporções constantes, lei das proporções multiplas e lei das proporções recíprocas que, juntamente com a lei da Conservação da Massa, permitiram os primeiros cálculos quantitativos na Química e, em seguida a Teoria Atômica de Dalton que foi apresentada com o objetivo de explicar as leis das proporções constantes.

          Além destas leis temos os estudos de Charles em 1787, os de Gay-Lussac de 1802 à 1804, de Dalton entre 1802 - 1806 e, novamente os estudos de Gay-Lussac em 1808 - 1810, todos eles referentes a gases e misturas gasosas.

Finalmente, nesse período foram firmadas as noções fundamentais acerca das funções ácido, base, sal e óxido. 

Obs. Essa excelente descrição do início da Química foi retirada do livro Química Geral de João Cardoso P. Neto e Deoclides A. Gomes Junior).

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